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Na minha estante: O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares

Sabe aquele livro que você acha que – no mínimo – vai te arrepiar de medo? Bom, O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares não é esse livro. Mas ele também não decepciona o leitor.

Lançado inicialmente pela LeYa em 2012, o livro teve sua segunda edição em 2015, já com a versão da capa original em inglês. Porém, a partir da metade desse ano, os direitos da obra foram transferidos para a Intrínseca, o que gerou mudanças não apenas no acabamento físico do mesmo, mas também no título. Houve a troca da palavra “orfanato” para “lar”, algo que a nova editora alegou combinar mais com o “lugar mágico” apresentado na história.
Para ser sincera – em questão de qualidade do material – adorei o que foi oferecido pela Intrínseca. Um projeto gráfico incrível, acabamento em capa dura com jacket e uma capa monocromática linda, com detalhe externo apenas na lombada. No entanto, tenho minhas dúvidas quanto à mudança no título. A começar que, por ser um livro que é vendido como “sombrio”, a palavra orfanato tem muito mais peso e chama bem mais atenção. Além disso, [na minha opinião] esta também parece encaixar-se melhor com esse ar mais misterioso que é oferecido ao leitor.

HISTÓRIA

O livro conta a história de Jacob Portman, um adolescente de 16 anos que sempre foi fascinado pelas histórias de seu avô. Ou costumava ser. Jacob cresceu ouvindo relatos de aventuras extraordinárias vividas por vovô Portman – e ele sempre as contava como se fossem segredos confiados apenas a ele, o que deixava Jacob ainda mais maravilhado. Mas a medida que Jacob crescia, o mundo apresentado por seu avô parecia mais e mais improvável. Um orfanato com crianças providas de habilidades peculiares, num lugar encantado e protegido por uma ave? Monstros com tentáculos sedentos por sangue? Não devem passar de contos de fadas, mesmo com toda aquela coleção de fotos antigas que Jacob vira tantas e tantas vezes.

– Você deve achar que sou muito burro, vovô.
– Eu nunca pensaria isso de você, Yacob. Mas, se não acredita em mim, é problema seu.

Mas o ceticismo de Jacob é colocado à prova a partir do momento que uma tragédia acontece e seu avô é assassinado – supostamente por alguma coisa que Jacob não consegue explicar. No entanto, em seu leito de morte, vovô Portman deixa um aviso para seu neto e pede que o mesmo vá até a ilha descrita em suas histórias fantásticas.

E assim Jacob passa a tentar desvendar as instruções enigmáticas de seu avô; mas ele parece ser o único disposto a levar essa situação adiante. Seus pais não acreditam em seus relatos – muito menos no que Jacob vira na noite em questão – tampouco seu melhor amigo. Isso faz com que Jacob sinta-se magoado e fora de órbita, então, por ordem de seus pais, o mesmo passa a consultar-se com um psiquiatra. Ainda assim, Jacob não desiste. As últimas palavras de seu avô o consumiam dia e noite.

“Sentir-me melhor” tornou-se meu novo emprego.

Ao seguir as pistas que tinha – e como forma de tirar a prova real da situação, para convencer-se de que existia, de fato, fundamento naquilo tudo – Jacob decide ir até a misteriosa ilha encoberta por segredos, no País de Gales. E a aventura começa.

SE GOSTEI?

Sim, sim e sim! Comecei o livro esperando uma coisa, mas a história mostrou-se diferente do que imaginei. Nem por isso me interessei menos pela trama – pelo contrário, me surpreendi positivamente com todo o universo apresentado.
De certa forma, me identifiquei com o protagonista em algumas características e situações, até mesmo no modo de pensar, e isso fez com que eu me conectasse ainda mais com a história. Tanto, que acabei rápido demais a leitura – o que não é bom para alguém que precisa seriamente exercitar a memória HEHE (como eu). Porém, li uma segunda vez, e compreendi melhor essa conexão que tive. Mas explicarei melhor esses detalhes na seção com spoilers, mais adiante.

Adorei essa leitura fácil que te envolve, que é melancólica e ao mesmo tempo sombria, sim, em alguns momentos.
Outra coisa que me fascinou foi a forma que algumas fotos parecem transmitir algo a mais; despertar o desejo de saber especificamente o que acontecia ali, naquele momento congelado. Aliás, a descrição que o autor fez de cada fotografia antes de apresentá-las de fato, me agradou. Sempre que leio um livro e começo a imaginar as cenas/ambientes/personagens, por vezes me pergunto como alguns seriam, se estivessem representados visualmente na obra. Aqui, Ransom Riggs conseguiu instigar a minha imaginação, mas ao mesmo tempo matar a curiosidade com a prova “real” na página seguinte.

“Eu costumava sonhar em fugir da minha vida comum, mas minha vida nunca havia sido comum. Simplesmente não conseguira notar como ela era extraordinária.”

「Spoilers a seguir」 Mostrar ▼

O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares oferece uma aventura com personagens inusitados, envolvidos numa trama instigante e fácil de acompanhar. Mas não se engane: o primeiro volume é apenas uma introdução para esse novo mundo.

#BÔNUS LITERÁRIO

Por último – mas não menos importante – trago uma dica de um ótimo clube do livro em formato podcast: o Marca Página ♡.
São três episódios para cada livro, no qual eles dedicam-se em analisar o mesmo por partes: primeiro julgando pela capa, depois lendo até o miolo do livro, e por último o devolvendo à estante, onde a leitura é finalizada e cada um dá suas opiniões sobre o desfecho da trama. Muito bacana, né? E o mais bacana ainda é que eles finalizaram recentemente o livro da Srta. Peregrine! Aos interessados, esse é o link do primeiro episódio – que me garantiu uma tarde de boas risadas, aliás ^^ .

“Às vezes, tudo o que você precisa fazer é cruzar uma porta.”

Priih

Priscila Cardoso (프리실라 카르도스), ou apenas Priih. 29. Inconstante em muitos níveis e intensa igualmente. Escreve incontroladamente sobre tudo e tagarela sobre a Coreia desde 2008. Descobre novas paixões a cada dia e não dispensa livros, música e uma boa caneca de café.
  • Maíra

    Gente, quanto tempo que eu não vinha aquii ahahaha tá lindo o blog prii <3
    apaixonada pelo layout e pelo logo!

    Agora sobre o livro, eu não sabia que tinha livro hahaha, achei que era só o filme, que eu ainda não assisti ahaha e eu quero muito assistir ahahhaa

    que livro demais, bem essa pegada sombria mesmo ahaha vou assistir o filme logo!

    1 de novembro de 2016 at 11:10 Responder
  • Mariana Duarte

    Priiiih!!
    Menina, vi esse filme no cinema tem pouco tempo, fui sem nem saber direito do que se tratava e fui surpreendida por ser algo que eu não fazia ideia do que esperar e adorei. Na hora eu pensei em ler os livros mas não sabia se ia gostar pq não é um tema que eu tenha lido algo recentemente, mas depois do seu post dei até uma animada.
    Continue fazendo suas resenhas, acho super verdadeiras e valem a pena ser compartilhadas ^^
    bjs <3

    18 de outubro de 2016 at 12:34 Responder
  • Sanae

    Nossa, li os três livros mais “Os contos peculiares” de uma vez, e com certeza foi uma leitura que me manteve bem entretida, foi divertida, prazerosa e em alguns momentos angustiantes.As fotografias com certeza foram um ponto extra, além de darem aquela bela ilustrada na história, fazem a gente refletir muito sobre o contexto real das mesmas, e sendo 100% sincera aqui, na hora que li sobre quando o Jacob encontra a Emma devia ser umas 3 da manhã e levei um susto enorme quando apareceu a foto dela. Mas eu senti muito com algumas falhas do enredo. Sabe, a partir do segundo livro senti algumas situações muito forçadas, o terceiro, na hora que chega em seu ápice cai num tobogã de 50 metros, para mim. Ok, sei que a temática é fantasiosa, mas tive a sensação que muitas explicações surgiram no nada, simplesmente para preencher o buraco que ia ficar na trama, achei o fim tedioso e absolutamente desnecessário, parece que no fim, todos os personagens se tornaram caricaturas malfeitas de si próprio, senti que toda a personalidade que os personagens tinham somem. Bom, terminei de ler por curiosidade mesmo e achei os contos interessantes, a temática é a mesma mas o desenrolar de cada história é completamente diferente das que conhecemos nos três livros.
    No fim, me senti como se tivesse lido uma fanfiction bem longa e com uma escrita decente, o que pode ser maldade.

    18 de outubro de 2016 at 10:04 Responder

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